§1
Leos Janacek. Da Casa dos Mortos (Abertura).
§2
Screvo meu livro à beira-mágoa.
Meu coração não tem que ter.
Tenho meus olhos quentes de água.
Só tu, Senhor, me dás viver.
Só te sentir e te pensar
Meus dias vácuos enche e doura.
Mas quando quererás voltar?
Quando é o Rei? Quando é a Hora?
Quando virás a ser o Cristo
De a quem morreu o falso Deus,
E a despertar do mal que existo
A Nova Terra e os Novos Céus?
Quando virás, ó Encoberto,
Sonho das eras português,
Tornar-me mais que o sopro incerto
De um grande anseio que Deus fez?
Ah, quando quererás, voltando,
Fazer minha esperança amor?
Da névoa e da saudade quando?
Quando, meu Sonho e meu Senhor?
Fernando Pessoa. Mensagem. Assírio & Alvim: 2002
§3
Pieter de Grebber, David em Meditação. 1635, @ Museum Catharijneconvent, Utrecht
§4
Ao mestre de canto. Com instrumentos de corda. Em oitava. Salmo de David.
Senhor, na vossa cólera não me repreendais,
no vosso furor não me castigueis.
Tende piedade de mim, Senhor, porque desfaleco;
curai-me, pois sinto abalados os meus ossos.
A minha alma está muito perturbada;
vós, porém, Senhor, até quando?...
Voltai, Senhor, livrai a minha alma;
salvai-me, pela vossa bondade.
Porque no seio da morte não há quem se lembre de vós;
quem vos glorificará na habitação dos mortos?
Eu me esgoto de tanto gemer;
todas as noites banho de pranto a minha cama,
com lágrimas inundo o meu leito.
Turvam-se de amargura os meus olhos,
esmorecem por causa dos que me oprimem.
Apartai-vos de mim, vós todos que praticais o mal,
porque o Senhor atendeu às minhas lágrimas.
O Senhor escutou a minha oração,
o Senhor acolheu a minha súplica.
Que todos os meus inimigos sejam envergonhados e aterrados;
recuem imediatamente, cobertos de confusão!
Salmos. VI. Editorial Missões.
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