28/05/2012

dois poemas de Salvatore Quasimodo

O dia inclina-se

Encontras-me deserto, Senhor
no teu dia,
fechado a toda a luz.

De ti privado temo,
perdida a estrada do amor,
e não há graça
nem sequer um trépido cantar-me
que faça secos os meus quereres.

Amei-te e bati-te;
o dia inclina-se
e colho as sombras dos céus:
que tristeza o meu coração
de carne!


Ariete

No movimento preguiçoso dos céus
a estação mostra-se: ao vento nova,
ao mandá-lo que aclara
cheias de sombra aéreas
nuvens de sombra e ração:
e recompõe as sepultas vozes
das margens, dos fossados,
dos dias de graça fabulosos.

Toda a erva derrama,
e uma ânsia toma as remotas águas
de gélidos louros nús os deuses pagãos;
e eis que saltam do fundo por entre os seixos
e de cabeça para baixo dormem celestes.


Salvatore Quasimodo. Acque e terre (1920-1929) in Tutte le poesie. Oscar Mondadori (1995). Tradução minha.


Si china il giorno


Mi trovi deserto, Signore
nel tuo giorno,
serrato ad ogni luce.


Di te privo spauro,
perduta strada d'amore,
e non m'è grazia
nemmeno trepido cantarmi
che fa secche mie voglie.


T'ho amato e battuto;
si china il giorno
e colgo ombre dai cieli:
che tristezza il mio cuore
di carne!




Ariete


Nel pigro moto dei cieli 
la stagione si mostra: al vento nuova, 
al mandorlo che schiara
piani d'ombra aerei 
nuvoli d'ombre e biade: 
e ricompone le sepolte voci 
dei greti, dei fossati, 
dei giorni di grazia favolosi.


Ogni erba dirama, 
e un'ansia prende le remote acque 
di gelidi lauri ignudi iddii pagani; 
ed ecco salgono dal fondo fra le ghiaie 
e capovolte dormono celesti. 

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