O dia inclina-se
Encontras-me deserto, Senhor
no teu dia,
fechado a toda a luz.
De ti privado temo,
perdida a estrada do amor,
e não há graça
nem sequer um trépido cantar-me
que faça secos os meus quereres.
Amei-te e bati-te;
o dia inclina-se
e colho as sombras dos céus:
que tristeza o meu coração
de carne!
Ariete
No movimento preguiçoso dos céus
a estação mostra-se: ao vento nova,
ao mandá-lo que aclara
cheias de sombra aéreas
nuvens de sombra e ração:
e recompõe as sepultas vozes
das margens, dos fossados,
dos dias de graça fabulosos.
Toda a erva derrama,
e uma ânsia toma as remotas águas
de gélidos louros nús os deuses pagãos;
e eis que saltam do fundo por entre os seixos
e de cabeça para baixo dormem celestes.
Salvatore Quasimodo. Acque e terre (1920-1929) in Tutte le poesie. Oscar Mondadori (1995). Tradução minha.
Si china il giorno
Mi trovi deserto, Signore
nel tuo giorno,
serrato ad ogni luce.
Di te privo spauro,
perduta strada d'amore,
e non m'è grazia
nemmeno trepido cantarmi
che fa secche mie voglie.
T'ho amato e battuto;
si china il giorno
e colgo ombre dai cieli:
che tristezza il mio cuore
di carne!
Ariete
Nel pigro moto dei cieli
la stagione si mostra: al vento nuova,
al mandorlo che schiara
piani d'ombra aerei
nuvoli d'ombre e biade:
e ricompone le sepolte voci
dei greti, dei fossati,
dei giorni di grazia favolosi.
Ogni erba dirama,
e un'ansia prende le remote acque
di gelidi lauri ignudi iddii pagani;
ed ecco salgono dal fondo fra le ghiaie
e capovolte dormono celesti.
Belas traduções!
ResponderEliminarAbraços sinceros.