07/04/2012

um poema do Guido Cavalcanti

Io temo che la mia disaventura
non faccia sì ch' i' dica: « I' mi dispero »:
però ch' i' sento nel cor un pensero
che fa tremar la mente di paura

e par che dica: « Amor non t'assicura
in guisa, che tu possi di leggero
a la tua donna sì contar il vero,
che Morte non ti ponga 'n sua figura ».

De la gran doglia che l'anima sente
si parte da lo core uno sospiro
che va dicendo: «Spiriti, fuggite!»

Allor d'un uom che sia pietoso miro,
che consolasse mia vita dolente
dicendo: «Spiritei, non vi partite!»

Começo a temer que com tantas
  desgraças aprenda a dizer "Desisto".
Mas pesa-me ao peito um pensamento
que me enche de pavor tremente

e quase que diz, "o Amor não te dá
descanso, pra que consigas contar
à tua senhora o que sentes de verdade;
e pra que a Morte não te leve igual a si."

Da grande dor que a alma sente
um suspiro deste peito descola
a dizer, "Spíritos, fugi!"

Se ao menos viesse alguém com pena
a consolar a minha sofredora vida,
que dissesse, "Spíritos, ficaide aqui!"

Guido Cavalcanti. 18. Tradução minha.

3 comentários:

  1. Sabes quem o traduziu, sabes quem o traduziu? O Pound, pois é.

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  2. Não me faças sentir mal, Tatiana! Mais ainda.

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  3. Não poderia olhar para a tradução do Pound (andará por um dos 50 caixotes que estão cheios de livros), mas parece-me muito bem :)

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