26/09/2012

Mais Outono (e mais dois poemas alemães)

Herbst

Das Haus der Vögel entlaubt sich.
Wir haben Angst vor dem Herbst.
Manche von uns
malen den Toten das Gesicht
wenn sie fortziehen.
Denn wir würchten den Winter.

Eine alte Frau, die vor uns stand
war unser Windschutz,
unser Julilaub,
unsere Mutter,
deren tod
uns
entblößt.

Hilde Domin. Nur eine Rose als Stütze. Fisher (1959).


Outono


A casa dos pássaros larga as folhas.
Temos medo do Outono.
Alguns de nós
pintam aos mortos o rosto
quando eles se afastam.
Depois temos medo do Inverno.

Uma mulher idosa à nossa frente
era o nosso guarda-vento
a nossa Julilaub,
a nossa mãe,
cuja morte
nos
expõe.


Verklärter Herbs



Gewaltig endet so das Jahr
Mit goldnem Wein und Frucht der Gärten.
Rund schweigen Wälder wunderbar
Und sind des Einsamen Gefährten.

Da sagt der Landmann: Es ist gut.
Ihr Abendglocken lang und leise
Gebt noch zum Ende frohen Mut.
Ein Vogelzug grüßt auf der Reise.

Es ist der Liebe milde Zeit.
Im Kahn den blauen Fluss hinunter
Wie schön sich Bild an Bildchen reiht
Das geht in Ruh und Schweigen unter.

Georg TraklGedichte (1913).


Outono Iluminado

Em grandeza acaba o ano
com vinho de ouro e frutos dos jardins.
Calam-se em portentos as florestas
companheiras do Solitário.

Diz então o camponês: É bom.
Ó Campânulas, gentilmente
encheis-me coragem até ao fim.
Um bando de pássaros saúda.

É o tempo suave do Amor.
No bote ao longo do rio azulado
É belo como umas imagens se seguem às outras.
Declinar em Calma e Silêncio.  

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