Um dos erros embaraçosos mais positivos é aquele causado por uma indignação em defesa de alguma coisa, quando depressa se descobre que a causa dessa indignação não tem razão de ser, e muito pelo contrário é desrespeitosa para louváveis esforços de outrém: quando isso acontece não só razão da indignação se desfaz, como além disso temos o benefício de ver à nossa frente que a realidade da situação é melhor do que se poderia pensar. Escrevo isto no seguimento dum e-mail que recebi a propósito do post sobre Kazantzakis. Escreveu-me Hugo Santos:
"há uma tradução de Yorgos Seferis, publicada pela Relógio D’Água, em tradução de Joaquim Manuel Magalhães, que também traduziu os Poemas de Kavafis, refundição e ampliação de uma tradução anterior, na mesma casa editorial. De Odisséas Elytis, há Louvada Seja, pela Assírio & Alvim, em tradução de Manuel de Resende. De Yannis Ritsos, ou Guiannis Ritsos, como também surge, há uma antologia da Fora do Texto, Antologia, em tradução de Custódio Magueijo. Há, ainda, alguns títulos, integrados nos livrinhos publicados, a propósito dos Encontros da Casa de Mateus: Sombras Oblíquas, de Demosthenes Agraphiotis, e A Outra Versão, de Rasos Denegris."Como disse, dessa tradução de Kavafis estava a par, mas nenhuma livraria de Coimbra a tinha em stock. Das outras admito que era infelizmente ignorante: na altura procurei e perguntei, e as respostas foram sempre negativas; portanto agradeço ao Hugo Santos, e tiro o meu chapéu mais uma vez à Relógio D'Água, à Assírio & Alvim, e à Fora do Texto, com as minhas desculpas pelo erro.
Mas continua a faltar o Kazantzakis!
Olha tantas sugestões de prendas de anos para o Miguel (e eu que já há uns bons meses tinha assentado o que te ia oferecer). Agora falando mais a sério: é de louvar o investimento destas editoras em publicações que, a bem dizer, como aqui se prova, mau grado a sua qualidade, são do desconhecimento até dos interessados nelas. Efectivamente, se não fosse por meia dúzia de editores/editoras que continuam a investir, poderíamos dizer «a fundo perdido», na cultura, nós, os amantes dos livros, viveríamos, como dizia involuntariamente, traindo-se, Sócrates-o-Novo, num «país mais pobre».
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