09/04/2015

the burly air

não, pois eles ouvem bem
aquilo que acusas e pedes
não falam de volta pois têm
medo de nós:

daquilo que somos capaz,
da nossa alta virtude,
e mais da tua, sim, quietude
com que escreves
e apagas a ardósia

da alma, da metamorfose
da carne em titânica vela
(aquela que apagam no mar),

do facto que quando morremos
sofre mais o algoz
do que eu e tu.

sofre a água
na expectativa da barragem
sofre o músculo do espírito

quando o contraio
em teu nome.

repito o exercício
tantas vezes quantas os teus nomes.

ludibriados pelos gregos reduzimos
deuses à estatura dos homens. quanto
às mulheres, cresceram tanto
que se ficasses acordado
na vigília da noite,
se emudecesses a prece e o canto,
podias ouvir-nos a ocupar
o peristilo e o templo,
por fim o umbigo do mundo,
quiçá até mesmo
várias das ilhas.

mas cederam, uniram, partiram de novo.
e a cada alma deram do homem, da mulher,
e do deus deram o coração heróico,
ou velocidade,
ou uma cicatriz em forma de ombro de prata.
não serve como desculpa mas como dádiva
aceito.

eu sei que foi assim porque eu vi.
se caminhares a meu lado
podemos voltar lá e chamando
sᴇɴʜᴏʀ prestar contas
de todos os anos do mundo.

ou dando-me
as mãos salta para as
trevas,

não sabes o que lá há,
não se vê
nada,
mas também a vela,
que não leva a lado nenhum,
sempre que arde é por amor.

Sem comentários:

Enviar um comentário