29/03/2015

Um soneto a Orpheu do Rilke (I.11)

Olha para o céu. Não há uma constelação chamada 'O Cavaleiro'?
Pois isto está-se-nos estranhamente entranhado:
Este orgulho da terra. E um segundo
Que o esporeia o detém e o leva.

E não é ela assim, caçada e depois domesticada,
Esta tendinosa natureza do ser?
Via e viragem. Mas uma pressão justifica.
Novas extensões. E os dois são um.

Mas será que o são? Ou será que ambos não indicam
O caminho que percorrem em conjunto?
Sem nome já a mesa e o prado os separam.

Também das estrelas a ligação engana.
Mas que agora por uns instantes nos alegre
Crer na figura. Isso chega.


RM Rilke. Sonetos a Orpheu. I.11. Tradução minha.


Sieh den Himmel. Heißt kein Sternbild "Reiter"?
Denn dies ist uns seltsam eingeprägt:
dieser Stolz aus Erde. Und ein zweiter,
der ihn treibt und hält und den er trägt.

Ist nicht so, gejagt und dann gebändigt,
diese sehnige Natur des Seins?
Weg und Wendung. Doch ein Druck verständigt.
Neue Weite. Und die zwei sind eins.

Aber /sind/ sie's? Oder meinen beide
nicht den Weg, den sie zusammen tun?
Namenlos schon trennt sie Tisch und Weide.

Auch die sternische Verbindung trügt.
Doch uns freue eine weile nun,
der Figur zu glauben. Das genügt.

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