01/06/2013

um poema do Kavafis.

Juliano em Nicomédia*

Disparates arriscados
Os elogios aos ideais gregos,

Os ritos e visitas aos templos
pagãos, o enthusiasmo pelos deuses antigos.

As conversas constantes com Khrysânthio.
As teorias do — de facto brilhante — philósopho Máximo.

E o resultado é este. Gallo anda substancialmente
preocupado. Konstantino suspeita de alguma coisa.

Eh, de facto os conselheiros não devem muito à inteligência.
Esta história — diz Mardónio — já dura há tempo de mais.

E chegou a altura de acabar de vez com estes rumores.
Juliano regressa como Leitor

à Igreja de Nicomédia,
onde põe a uso a sua voz soante para com devoção

cuidada se devotar às Sacras Escripturas,
e o povo espanta-se com a sua piedade christã.

C. P. Kafavis. Juliano em Nicomédia. Tradução minha.

* Juliano, dito o Apóstata, foi o último imperador pagão, ilegalizou o christianismo que antes dele tinha sido transformado na religião oficial e obrigatória do Império. A sua visão do paganismo, neo-platónica e mystérica, não durou mais que dois anos, o tempo do seu breve reinado. O poema refere-se aos anos em que, antes de se tornar imperador, Juliano finge devoção pela religião christã para escapar a possíveis tentativas de afastamento e de assassinato por parte dos anteriores imperadores. [Nota minha.]


Ἄστοχα πράγματα καὶ κινδυνώδη.
Οἱ ἔπαινοι γιὰ τῶν Ἑλλήνων τὰ ἰδεώδη.

Ἡ θεουργίες κ' ἡ ἐπισκέψεις στοὺς ναοὺς
τῶν ἐθνιῶν. Οἱ ἐνθυσιασμοὶ γιὰ τοὺς ἀρχαίους θεούς.

Μὲ τὸν Χρυσάθιον ἡ συχνὲς συνομιλίες.
Τοῦ φιλοσόφου — τοῦ ἄλλωστε δεινοῦ — Μαξίμου ἡ θεωρίες.

Καὶ νὰ τὸ ἀποτέλεσμα. Ὁ Γάλλος δείχνει ἀνησυχία
μεγάλην. Ὁ Κωνστάντιος ἔχει κάποιαν ὑποψία.

Ἂ οἱ συμβουλεύσαντες δὲν ἦσαν διόλου συνετοί.
Παρέγινε — λέγει ὁ Μαρδόνιος — ἡ ἱστορία αὐτή,

καὶ πρέπει ἐξ ἅπαντος νὰ παύσει ὁ θόρυβός της. —
Ὁ Ἰουλιανὸς πηγαίνει πάλιν ἀναγνώστης

στὴν ἐκκλησία τῆς Νικομηδείας,
ὅπου μεγαλοφώνως καὶ μετ' εὐλαβείας

πολλῆς τὲς ἱερὲς Γραφὲς διαβάζει,
καὶ τὴν χριστιανική του εὐσέβεια ὁ λαὸς θαυμάζει.

Sem comentários:

Enviar um comentário