A "explicação" não é um processo racional, é um labirinto do qual se tem de encontrar uma saída (e também a mitologia grega é convocada, com homens angustiados, como Teseu e Sísifo). Nada daquilo que o poeta procura é uma evidência, e são várias as alusões à solidão do catre, à aflição e ao pavor de quem espera não se sabe o quê:
Não tinha nada donde vim. Aqui não encontrei
O que tive e a cadeira não serve o meu repouso.
Ainda não há lugar no mundo onde possa sossegar de tu não seres
O vazio que persiste à minha beira.
O "conforto" da fé mais se parece com um perigo. Mas onde cresce o perigo cresce também aquilo que salva, como escreveu outro poeta.
Pedro Mexia. Recensão a Poesia de Daniel Faria. Expresso/Atual. 28 Julho 2012.
E o que lembramos? Aeschylos. Simone.
O vigia que escuta. O escravo à porta que espera. O amo já morto. Agamémnon que volta. E que morrerá.
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