17/04/2019

Imigração e identidade europeia

Por algum motivo que me escapa, a crença de que as fronteiras e a restrição à liberdade de movimento dos povos são um imperativo histórico e uma necessidade tende tanto mais a ser acerrimamente esposada quanto mais à pessoa que a defende lhe apraz proclamar que a identidade europeia se forjou quando o mundo romano se misturou com os povos germânicos.

Esses povos germânicos migraram para a Europa e instalaram-se no império romano por vezes com aprovação tácita, por vezes com desconfiança e hostilidade por parte dos poderes instalados dos imperadores.

(Nota histórica: as "invasões bárbaras germânicas" são em larga medida uma invenção. As verdadeiras invasões dignas desse nome foram feitas por povos das estepes euroasiáticas, como os Hunos de Átila, que de resto foi travado por uma aliança Romano-germânica.)

É ao líder de um desses reinos de semi-bárbaros recém-migrados que as tais pessoas que se opõem à liberdade de movimento depois vão buscar o fundador da Europa Moderna, Carlos Magno, Rei dos Francos.

Quando confrontadas com estes contrastes, essas mesmas pessoas saem-se com frases mágicas como "Mas antigamente era outra coisa" ou "Mas os tempos mudaram". Isto meros segundos após baterem o pé e declararem que é preciso defender a "os costumes, a herança e a história europeias".

A contradição, invisível. A ironia, escapou.

Sem comentários:

Enviar um comentário