22/11/2014

Tempora labuntur (Ovídio)


Tempora labuntur, tacitisque senescimus annis,
     et fugiunt freno non remorante dies.
/Prospera lux oritur: linguis animisque favete;
     nunc dicenda bona sunt bona verba die/
Ite, deam læti Fortem celebrate, Quirites:
     in Tiberis ripa munera regis habet.
Pars pede, pars etiam celeri decurrite cumba,
     nec pudeat potos inde redire domum.
/Lite vacent aures, insanaque protinus absint
     jurgia: differ opus, livida turba, tuum./
/Flamma nitore suo templorum verberat aurum,
     et tremulum summa spargit in æde jubar./
/Salve, læta dies, meliorque revertere semper,
     a populo rerum digna potente coli./
Ferte coronatæ juvenum convivia, lintres,
     multaque per medias vina bibantur aquas.

Ovídio. Fasti. Retalho de I.71-88 & VI.771-780. Tradução minha.

Tropeçam os tempos, envelhecemos na mudeza dos anos,
     e os dias fogem de nós sem travão algum que os retenha.
/Nasce uma luz benfazeja: atenção à língua e ao espírito,
     que num dia assim alegre a alegria é o único tema./
/Ide felizes, Romanos, celebrai a deusa Sorte
     que reina nas margens do Tibre e lá sua corte reúne./
Uns podem ir a pé, os outros que corram de barco,
     chegar a casa com os copos não é vergonha nenhuma.
/Ninguém se zangue, e acabem já com esses loucos
     insultos: por uma vez, multidão pálida, refreia a tua azáfama./
/A chama ao brilhar reverbera no ouro dos templos,
     de cima a baixo preenche o santuário com o seu radiante tremor./
/Salve, dia abençoado, e regressa sempre melhor
     serás também então adorado por este povo imperial./
Jangadas coroadas, trazei até nós os jovens em festa,
     e que no curso da água bebam em abundância vinho.

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