inda sem folhas, a manhã espreita
já toda em primavera: assim na sua fronte
nada há que impedir possa que o fulgor
de todos os poemas venha a ferir-nos
quase de morte; pois não há inda sombra
no olhar; a fronte, fresca de mais, não pede louros,
e só mais tarde se lhe elevará
das sobrancelhas o alto rosal
cujas pétalas, soltas e dispersas,
flutuarão sobre o tremor da boca
que agora inda está calma, e brilhante e nova,
e a beber só gota a gota com o sorriso
como se lhe instilassem o cantar.
Rilke, Paulo Quintela (trad). Ediçõs Asa.
Este é a lembrar a conversa com o João, a Tatiana, e o Zé, precisamente sobre isto, precisamente sobre este poeta. Por vezes a literatura ousa um círculo.
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