Brecht & Walter Benjamin a jogar xadrez
O texto “Sobre o conceito da História” (1940) do Walter Benjamin, o seu ultimo texto, é uma exploração idiossincrática do que é o materialismo histórico, e da função e papel de uma escrita da História que se queira comprometida com um ideal revolucionário. São vinte parágrafos, dezoito numerados em dois em apêndice, num total dumas seis páginas. Traduzi-o aqui:
Sobre o conceito de História
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Já tinha lido vários textos do Benjamin, inclusive este, mas foi esta a primeira vez que voltei a ele depois de me tornar marxista e comunista. A primeira coisa que me saltou à vista foi o quão domesticada está toda a figura dele. Para um autor que é com tanta regularidade e leviandade tratado como mais um da teoria crítica e estética, o que aqui encontramos não é um texto acidentalmente ou lateralmente marxista, mas do qual se possam extrair certas opiniões sobre História ou Historiografia sem subscrever o todo. Antes pelo contrário, trata-se de um manifesto dum materialismo histórico idiossincrático mas militante, comunista, marxista, e que se opõe directamente a qualquer posição social-democrata ou mesmo anarquista, fazendo questão de argumentar que tanto as concepções teóricas quanto as práticas por que optam para combater o fascismo não conseguem senão fortalecê-lo.
A social-democracia, na sua neutralidade política, não pode senão ser fascizante. Os sociais-democratas lutam contra o fascismo, mas são impotentes para o combater liberalmente quando as condições materiais e a distribuição de recursos tornam o fascismo uma escolha sensata para uma maioria da população. Quando se chega a esse ponto, essa mesma social-democracia ora o possibilita politicamente pela sua neutralidade teórica, ora carece, para sobreviver enquanto regime, da premissa fascista da extracção de mais-valia de colónias internas ou externas.
O projecto de Benjamin neste texto é olhar para esta tragédia do entendimento político através duma análise do conceito de progresso. Segundo ele, a ideia de que a história tem uma direcção pré-cognoscível não passa duma asserção dogmática. Não sabemos se o que se passará amanhã será melhor do que o que temos hoje.
Não temos qualquer motivo para acreditar numa linha progressista da história. Para acreditar que as coisas vão ficar melhor. Que caminhamos em direcção à emancipação universal. Há aqui dois alvos. O primeiro é uma determinada concepção do materialismo histórico.
O materialismo histórico é vulgarmente entendido como a teoria de que, dado que a história de todas as sociedades que alguma vez existiram é a história da luta de classes, e que a luta de classes se resolve numa linha dialéctica que desencadeia alterações de produção, então não só a história acabaria com o fim do conflito dialéctico, como também que o colapso do capitalismo e a inauguração do socialismo não só é inevitável como também é iminente. Esta concepção é tradicionalmente associada às correntes revolucionárias socialistas.
A segunda concepção é a concepção social-democrata, que desde 1919 e da traição da revolução espartaquista argumentou que a feitura da revolução é desnecessária, já que a história caminha numa direcção de progresso, e que, duma forma ou de outra, caminhamos na direcção socialista. Ou seja, o caminho seguro e constante, dado tempo infinito (“em linha recta ou em espiral” [13] assegurar-nos-á uma chegada à utopia na terra. Esta é a concepção hegemónica, dominante, água-na-qual-os-peixes-não-notam-que-nadam dos dias de hoje em particular após a derrota histórica da União Soviética. Acreditamos que as coisas ficarão melhor, imaginamo-nos “progressistas” porque fazemos avançar as coisas, dizemos coisas como “é escandaloso como em pleno século XXI ainda haja desigualdade de género ou racismo”, e consideramos as experiências do passado necessariamente piores do que as contemporâneas.
A estas duas posições o Benjamin contrapõe uma posição hostilmente anti-progressista, ou seja, hostilmente adversa à ideia de que possamos alguma vez ter a certeza ou a crença de que as coisas estão a caminhar em alguma direcção emancipatória. Responde uma coisa à tradição marxista revolucionária e outra aos social-democratas, embora as respostas a ambos se baseiem na mesma premissa.
A crítica à concepção social-democrata é mais fácil porque, embora vários dos seus defensores tenham tido aquela mais bonitinha das qualidades que são permitidas aos senhores do mundo, ou seja “boas intenções”, a verdade é que a alternativa reformista à posição revolucionária não pode senão estar entrelaçada com os interesses de classe de quem quer avançar em direcção ao socialismo mas para quem a revolução nem é tão urgente assim. É preciso apontar que por “social-democracia” entendemos, tanto no texto do Benjamin quanto na contemporaneidade, ora aquele subgrupo da democracia liberal que acredita que o caminho para a emancipação da humanidade se faz no interior das estruturas liberais democratas (o Partido Socialista, como está no nome, ou o DSA - Democratic Socialists of America) ora o regime em si, que na realidade não se distinguem muito. É a posição anti-revolucionária por excelência, porque ao contrário da direita reaccionária, que rejeita os ideias da revolução, a social-democracia afirma que conseguirá atingir os ideias da revolução melhor até do que a revolução, que a revolução é uma falsa partida. Isto porque a revolução pode fazer ricochete, pode correr (e tantas vezes corre) mal, e é portanto uma ingerência despropositada na História que, de si, já se encaminha na direcção da emancipação e do progresso.
A crítica feita aos sectores da tradição marxista ele enquadra-a na categoria de “versão vulgar do marxismo”, constitui uma crítica profunda talvez não ao pensamento do Marx mas certamente à forma como este foi entendido talvez por uma esmagadora maioria de marxistas e comunistas até hoje. É a ideia de que a dialéctica do materialismo histórico, da luta de classes, inevitavelmente levará ao comunismo. É um trejeito linguístico que encontramos bastante na literatura socialista do século passado, com frases como “o capitalismo chegou a uma tal fase que as suas contradições inevitavelmente levarão ao socialismo”, ou outras do mesmo género. Já o Marx por sua vez diz no Manifesto, assim como em várias outras passagens, que a luta de classes nem sempre resultou numa “reconstituição revolucionária da sociedade”, ou seja, num avanço (progressista) da História. Não, diz ele, por vezes resultou na “ruína comum das classes em confronto”.
Que tenhamos tentado ver nos textos marxistas esse determinismo que nos reconfortasse como uma sopa quente na noite fria do mundo não quer dizer que esse determinismo esteja lá. Ao ler textos marxistas como o Capital espantamo-nos por essa tal “inevitabilidade lógica” estar completamente ausente. Jamais as coisas “resultam inevitavelmente” ou “só podem conduzir” a este ou àquele resultado. Bem pelo contrário, o desenvolvimento das categorias do pensamento marxista sempre se dá de forma profundamente orgânica, com conceitos a darem origem a outros conceitos através duma espécie de desenvolvimento interno que, quando confrontado por obstáculos, é tantas vezes cessado ou abortado ou redirigido para bem longe daquilo que seria o seu desenvolvimento logicamente determinado. Que não há nada de inevitável na História é algo que nos deveria vir mais naturalmente no século XXI depois do triunfo neoliberal capitalista em 1991, mas a verdade é que a inevitabilidade (e a benignidade) do sistema actual é hegemónica hoje, quando “é mais fácil imaginar o fim do mundo que o fim do capitalismo”.
Ora, exactamente nos mesmos termos mas fazendo o pino, a teoria da inevitabilidade do comunismo, dado tempo infinito para o capitalismo se afundar nas suas contradições não só é uma leitura profundamente débil da energia que o capitalismo tem para, findas as colónias externas, continuar a extrair mais-valia ad infinitum de colónias internas raciais e sexuais, como para além disso é uma teoria cómica tendo em conta o limite temporal ligado às alterações climáticas e o colapso civilizacional que lhes está associado.
A ideia de que o materialismo histórico é progressista, que se encaminha na direcção inevitável do triunfo da classe trabalhadora é, segundo o Benjamin, uma ideia não só teoricamente errada como tem também consequências mortais para a prática revolucionária. É gerador de letargia e de imobilização, já que o esforço necessário à construção do socialismo se torna quase desnecessário, visto que o trabalho será feito pelas próprias contradições capitalistas sem que a canseira organizativa e combativa seja necessária. Em lugar de trazer o tal conforto paternal de que, mesmo que as coisas corram mal, vai ficar tudo bem, a tal sopa quente, gera, em vez de reconfortar, uma posição conformista e, consequentemente, anti-revolucionária.
«O conformismo, que se esconde na social-democracia desde o início, condiciona não apenas as suas tácticas políticas mas também as suas concepções económicas. É uma causa do colapso posterior. Não há nada que tenha corrompido tanto a classe operária alemã quanto a ideia de que está a nadar na direcção da corrente. A classe operária entendia o desenvolvimento tecnológico como a inclinação da corrente com a qual pensava que estava a nadar. Daí era só um passo até se convencer da ilusão de que o trabalho fabril, desenvolvido a reboque do progresso técnico, lhe haveria de proporcionar uma oportunidade política.» [11]
É neste contexto que se enquadra a refutação da leitura de Gershom [Gerhard] Scholem, o famoso estudioso da Cabala judaica e amigo de longa data de Benjamin, que afirmou, a propósito deste texto, que serviria para atestar a viragem final do pensamento de Benjamin no seu afastamento ao materialismo histórico e a sua transição para o pensamento messiânico cabalístico. Segundo Scholem, o conceito a que Benjamin aqui chama de materialismo histórico não o é “senão no nome”, já que não passa dum fantoche ao serviço da teologia, como o Benjamin conta no primeiro parágrafo.
“Há-de ganhar sempre o fantoche a que chamamos ‘Materialismo Histórico’. Pode lidar sem preocupação com qualquer um, desde que traga a teologia ao seu serviço, que hoje é, como sabemos, pequena e feia e não deixa que olhem para ela.” [1]
Penso que é pouco problemático demonstrar que o Scholem se limitou a encontrar no texto aquilo que já queria encontrar. Não só o resto do texto é explícito no compromisso até à morte de Benjamin (foi o seu último texto e suicidou-se semanas mais tarde) com uma posição revolucionária marxista, como ainda por cima a passagem acima-citada limita-se a denunciar esse tipo de marxismo vulgarizado, seguro de si, que ele pretendia abalar. É fácil perceber isto: o marxista vulgar, na visão dele, acredita que: “o fantoche a que chamamos ‘materialismo histórico’ há-de sempre ganhar”. Ora todo o texto é construído de forma a ridicularizar e a expor o obsceno de toda a posição que ouse afirmar que o materialismo histórico “há-de ganhar sempre”. Não, não há-de ganhar coisa nenhuma. Tudo o que temos são escombros e raiva. A confiança de que o materialismo histórico ganhará é progressismo intelectualizado, e se a teologia afirma que alguma coisa - mesmo que seja o materialismo histórico - "ganhará sempre" então é a teologia que se expõe a si mesma como uma fraude.
Ora o Walter Benjamin denuncia ambas estas posições como sustentadas ambas na crença “dogmática” [13] no progresso. Em lugar delas oferece uma visão virada não para o futuro mas sim para o passado. Isto pode parecer uma mera inversão, mas é tudo menos isso, pelo motivo simples de que, ao contrário do futuro que desconhecemos como será, o passado já aconteceu e pode ser vislumbrado. A forma como pode ser vislumbrado, e o carácter ontológico e fenomenológico desse tempo histórico (ou seja, como é que ele existe em si e como é que ele existe para nós) é algo a que o Benjamin devota vários dos parágrafos do texto, mas a premissa de base é clara: temos uma relação real com aquilo que passou que jamais teremos com o futuro. A metáfora que ele usa para o exemplificar é a do famoso anjo da História, que é arremessado de costas para um futuro caótico e que diante dos seus olhos vai vendo os escombros e as ruínas do que aconteceu amontoarem-se em pilhas que se erguem até aos céus.
Daqui deriva-se uma teoria e prática revolucionárias vastamente diferentes das expostas por uma concepção metafísica progressista face ao futuro. Faz parte dessa concepção revolucionária desistir do debate estéril entre “meios e fins” que assombram a discussão entre marxistas e anarquistas. A principal crítica anarquista ao marxismo é que um engajamento dialéctico com a realidade que faça cedências à realidade material não pode senão envenenar todo o projecto; não se trata da questão, dizem eles, de se meios justificam ou não justificam os fins, mas sim tão-somente que o uso de meios que violem a essência do fim buscado comprometem, corrompem, e impossibilitam que se chegue a esse mesmo fim, por muitos “meios” que se usem: o uso de determinados meios destrói o fim.
O Benjamin rejeita implicitamente colocar a discussão nesses termos, desvelando o seu carácter progressista e a-histórico. A partir do momento em que nos afastamos do pensamento teleológico, e o transformamos em pensamento histórico, deixamos de ter um fim prometido ao qual sacrificaríamos a nossa acção. A preocupação com o fim, mesmo com o estatuto ontológico do fim, é eminentemente progressista, e denuncia uma falta de preocupação com o passado ou com o processo de criação, mas apenas com o fim apregoado.
Em lugar de ser acção com vista a um fim, ou seja teleológica, diz ele que a acção política, concretamente a acção política da classe trabalhadora constituída no “momento do seu perigo” [6], é uma acção vingadora. Vingadora de quem? Dos escombros e dos derrotados da História. A acção revolucionária é uma acção messiânica porque consiste em salvar a História do esquecimento, torná-la, como ele diz, “inteiramente citável” nos anais da História, por oposição ao nosso tempo, em que apenas são citados os vencedores e os triunfadores.
“É certo que apenas a humanidade redimida se poderá apropriar do seu passado em toda a sua plenitude. Quer isto dizer: para a humanidade redimida, todos os instantes do seu passado tornar-se-ão citáveis.” [3]
O materialismo histórico identifica a classe trabalhadora como a vingadora dessas derrotas Históricas através da derrota da classe dominante. Por outras palavras, segundo o Benjamin, a bússola do materialista histórico, ou seja do comunista marxista, não é tanto o socialismo-por-vir, quanto é empatia para com os condenados e oprimidos da história passada, e a raiva contra quem lhes fez aquilo que lhes fez. Como acontece ao anjo da História, é desconhecido o caminho que se percorre e a direcção em que se vai, a única coisa que se têm diante dos olhos é a cadeira de escombros prestes a serem esquecidos se não forem redimidos pela escrita revolucionária da História, que tem a vertente dupla tanto de historiografia quanto de acção política revolucionária.
“O sujeito do conhecimento histórico é a classe oprimida em luta. Em Marx ela aparece como a última classe escravizada, como a classe vingadora que leva a cabo o trabalho da libertação em nome de todas as gerações de derrotados.” [13]
Que a batalha se trava também na História é talvez hoje mais consensual do que o era quando o Benjamin escrevia, mas é possível que ainda assim os objectivos de travar essa batalha sejam diferentes. Hoje é frequente falar da necessidade da História não-oficial, usando termos semelhantes ao dele, como de um recuperar de acontecimentos esquecidos, cujo esquecimento fora já ele uma violência. É uma lógica subsumível no argumento mais amplo de que a revolução consiste em tornar citáveis todos os instantes da História. Mas o argumento do Benjamin continua. A vontade de tornar citáveis momentos em vias de esquecimento não é apenas uma reparação feita ao passado, como é também parte do processo de acção revolucionária. Ganhar consciência das injustiças infligidas no passado contra os oprimidos suscita uma reacção de raiva que nenhuma promessa de uma utopia poderá alguma vez igualar.
“O dom de atiçar no passado a fagulha da esperança pertence apenas a quem escreve a História com a convicção plena de que, se o inimigo vencer, nem os mortos estarão em segurança. E este inimigo não parou de vencer.” [6]
A auto-identificação com os derrotados da história, certamente que a um nível local mas não apenas, acorda uma raiva escondida, raiva essa que todas as correntes reformistas procuraram ocultar. O presente e o passado são idênticos porque não sofremos só com o que está a acontecer neste segundo, sofremos com o que aconteceu desde o instante presente até ao início da dominação. A solidariedade com o passado não começa com o dia em que nascemos. as pessoas não sofrem nem vingam os filhos que não chegaram a ter, sofrem sim pelos pais que foram torturados, pelos avôs e pelos antepassados da memória e da história do seu povo. Não reconhecer isto, pior que ser um falha teológica, é um erro táctico, já que a consciência história e a consciência de classe são uma e a mesma coisa.
“Esta consciência [histórica], que durante um curto espaço de tempo esteve operativa com os espartaquistas, foi sempre ofensiva à social-democracia. […] Decidiu que era bem atribuir à classe trabalhadora o papel de redentora de gerações futuras. Com isso cortou-lhe o tendão das suas melhores forças. Nesta escola, a classe trabalhadora desaprendeu tanto o ódio quando o espírito de sacrifício, ambos os quais se alimentam da imagem dos antepassados escravizados, não do ideal duns descendentes libertados.” [13]
Toda esta visão tem várias consequências. A primeira é que as experiências revolucionárias do passado deixam de ser vistas contra a régua de “quanto é que avançaram o socialismo”. Em vez de medirmos o quanto é que progrediram ou conseguiram progredir, tantas vezes com uma desatenção à infraestrutura que envergonharia qualquer marxismo coerente, solidarizamo-nos com a raiva que sentiram contra os nossos inimigos comuns, e solidarizamo-nos com a sua derrota histórica. Entendemos, como diz o Mao, que o socialismo é um martelo. O comunismo surge então para a consciência do materialismo histórico, entendido nestes termos, como uma incógnita dum futuro que não é real para nós, porque não o vivemos nem sabemos de quem nele tenha vivido. Antes, olhamos para a história como rebeliões falhadas, mas não, como dizia a Rosa Luxemburgo, “de derrota em derrota até à vitória final”, já que a vitória não está assegurada, mas como cadeia destroçada de derrotas que acorda no sujeito histórico o desejo de vingança.
Só uma visão catastrófica do mundo, uma desistência total de toda a segurança e todos os amparos, uma situação de extrema necessidade sem deus ex machina da história, sem pai dos céus que guie a providência, só a constatação de que não há redentor para a classe trabalhadora que não seja ela mesma (nem mesmo a direcção da História, o progresso) é que a coloca no “instante do perigo” [6] (citando obliquamente Hölderlin) que é o momento revolucionário.
O não reconhecimento disto na luta actual contra o fascismo, que se imagina a caminhar “na direcção da História”, é programático e faz todo o sentido ao nível da super-estrutura que seja defendido por quem o defende, porque serve o interesse da classe que sofre com ele um sofrimento legítimo, mas preferia, em vez de acabar com ele, que fossem outros a sofrer. Quando entendemos a História como progresso ficamos desarmados quando a vemos a avançar na direcção da opressão, e do fascismo. A História entendida enquanto catástrofe cósmica é a única capaz de fomentar a revolução e de derrotar o fascismo.