Ludwig Edelstein orna o seu livro 'A Ideia de Progresso na Antiguidade Clássica' (1967) com um prefácio sobre a forma como os estudos do século XIX e da primeira metade do século XX olharam para a questão da existência ou ausência do conceito de progresso no mundo Greco-Romano. Segundo ele, estes estudiosos falharam por completo na sua leitura errónea das passagens de escritores que tocam no assunto.
O seu argumento é que existia de facto uma noção de progresso que pode ser estudada à luz duma análise de história das ideias. Como bom colega, em casa no mais amplo território dos estudos humanísticos e da investigação científica, faz a seguinte ressalva: "Se naquilo que estou prestes a dizer encontrarem mais críticas do trabalho prévio de colegas do que encontrarão louvores, note-se que nunca perdi o horizonte daquilo que até mesmo os autores antigos favoráveis à noção de progresso reconheceram: que estamos em dívida para com os que nos precederam tanto por aquilo que nas suas opiniões aceitámos quanto por aquilo que rejeitámos."
Insere neste ponto uma nota de rodapé indicando a Metafísica de Aristóteles (II,1, 933[993]b 11-14). Ora essa indicação leva à seguinte passagem: "É justo que não estejamos gratos apenas para com aqueles cujas opiniões partilhamos, mas também para com os que se ficaram pela superfície [do assunto]. Também estes contribuíram alguma coisa: deram-nos a oportunidade de exercitar o nosso engenho."*
Lembrando que a afirmação é feita num contexto duma discussão sobre o conceito de progresso. Por conseguinte, o que ele está a fazer é citar uma passagem que, pela sua mera existência (e pelo facto de falar de implicitamente de avanços científicos sem precisar de se justificar) afirma a existência do conceito de progresso, ao mesmo tempo que classifica o trabalho dos seus antecessores como 'superficial'. Deve ser raro farpas deste género conseguirem ser simultaneamente tão bem espetadas e tão mesquinhinhas.
O seu argumento é que existia de facto uma noção de progresso que pode ser estudada à luz duma análise de história das ideias. Como bom colega, em casa no mais amplo território dos estudos humanísticos e da investigação científica, faz a seguinte ressalva: "Se naquilo que estou prestes a dizer encontrarem mais críticas do trabalho prévio de colegas do que encontrarão louvores, note-se que nunca perdi o horizonte daquilo que até mesmo os autores antigos favoráveis à noção de progresso reconheceram: que estamos em dívida para com os que nos precederam tanto por aquilo que nas suas opiniões aceitámos quanto por aquilo que rejeitámos."
Insere neste ponto uma nota de rodapé indicando a Metafísica de Aristóteles (II,1, 933[993]b 11-14). Ora essa indicação leva à seguinte passagem: "É justo que não estejamos gratos apenas para com aqueles cujas opiniões partilhamos, mas também para com os que se ficaram pela superfície [do assunto]. Também estes contribuíram alguma coisa: deram-nos a oportunidade de exercitar o nosso engenho."*
Lembrando que a afirmação é feita num contexto duma discussão sobre o conceito de progresso. Por conseguinte, o que ele está a fazer é citar uma passagem que, pela sua mera existência (e pelo facto de falar de implicitamente de avanços científicos sem precisar de se justificar) afirma a existência do conceito de progresso, ao mesmo tempo que classifica o trabalho dos seus antecessores como 'superficial'. Deve ser raro farpas deste género conseguirem ser simultaneamente tão bem espetadas e tão mesquinhinhas.
* οὐ μόνον δὲ χάριν ἔχειν δίκαιον τούτοις ὧν ἄν τις κοινώσαιτο ταῖς δόξαις, ἀλλὰ καὶ τοῖς ἐπιπολαιότερον ἀποφηναμένοις: καὶ γὰρ οὗτοι συνεβάλοντό τι: τὴν γὰρ ἕξιν προήσκησαν ἡμῶν
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