06/09/2014

Um poema do Geoffrey Hill

Citações II

Se o poder corre a árias ou recitativos
não é bem uma questão ociosa.
Recitativos principalmente diria eu embora
as pessoas me estejam sempre a perguntar porque é que os truques do teu lirismo
atrofiaram aos noventa. Eu
juro pela minhas vistas que atrofia não é a palavra certa
e que a invenção se reinventa
constantemente na linha da morte.

E se não porque não: chama à escrita nada
a não ser auto-indemnização pois o que é que lhe é negado?
Sim, para parar de brincar, o puxar impiedoso entre
verdade e métrica, mesmo que mal o consigas ouvir.
Onde sim ler possivelmente. O comboio acabou de parar
no Jewellery Quarter. Talvez se eu apeasse
também eu passearia por uma cidade de esmeralda
ou pelo menos zircão.


Geoffrey Hill. Tradução minha.


Citations II

Whether power rides on arias or recitatives
is not entirely an idle question.
Recitatives mainly I'd say although
people keep asking why your lyric mojo
atrophied at around ninety. I'd
swear myself blind atrophy's not the word
but that invention reinvents itself
every so often in the line of death.

Or if not why not: call writing nothing
but self-indemnity for what is denied it?
Yes, to be blunt, the pitiless wrench between
truth and metre, though you can scarcely hear this.
For yes read possibly. The train's just stopped
as the Jewellery Quarter. Perhaps if I alighted
I too would stroll a city of emerald
or at least zircon.

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