sanza speme vivemo in disio
Inferno IV. 42
I
na minha aldeia
para sermos amigos
temos que ouvir
o mesmo treno e
que nos lembrar
de ti à mesma hora
tudo isto refresca a memória
das praias de Herculanum
II
por Baccho! agarrem-me
que eu vou-me a ela!
Síbylla prescinde
da profecia pensa
como quem desaprende
saber
III
Tu esquartejas o juízo
dos justos até à in
justiça. E agora exconjuras
palavrões em hierocracias. Quem
buscas? O que sabes tu
que eu saiba já
e que me fará
de novo tremer?
IV
não é por acaso que há rios
que correm para trás
que Creta permanece a pátria
de grandes senhores de rebanhos
V
e tudo aquilo que ontem fora
memória inquietante,
hoje sem sentido, hoje
indeusejado
VI
olhando para ela amou
a promessa tentadora
o sacrum furto de
Pienza (do grego πιέζειν),
o mundo interdicto
de água e fogo, o morbo
sacro, como sacra é a ὅσια
πανουργήσασα
que teve um dia a ideia
de seguir as Leis através
da hieroarchia, abatendo
a coluna e o fundamento da verdade.
VII
o mesmo deus que nos deu
a nossa tristeza, a vénus
nas veias, a vénus veneranda,
que nos pôs no peito
o rosário heresiarcha que corta
a respiração ao próprio tempo,
exige um sinal, um jogo de luzes,
um advérbio, o lusco-fusco prolungato,
legislação, porque não bebes e te lembras
da água sacra e fria? sou filha da Terra
estrelada. triumpe, triumpe
triumpe!
VIII
se quando te digo isto sou uma
voz no teu deserto
continua, se na tua língua amar
é perguntar, poderás dar de beber
ao deus que foge sequioso. estejas
cheio de ofícios e de virtude
quer não.
VIIII
moça da ampôla, Margherita
Mariotto, salsa, marina
catártica: lembra-te e não salvarás
o mundo, és uma flor
do mal
o menos?
podes ao menos
salvar-me a mim! hoje
num hotel (um quarto a dois, barato. sim, só
uma noite). se não a pararmos agora
pode ser que chegue a mudar
o fado ele mesmo! o que diria a Amália
sobre isso, o que diria
Agamémnon?
X
(não sejas como a pérola
do Pico Miran
dolensis phỳticamente dissoluta
em licor, só o faço para me soltar
um pouco, para me conseguir diverter
porque merda é que tu és tão pudica? [acento no i
non praeteribit] sinto-me tão acorrentado
é quase órfico, se digo bacchanálico
todos se riem. isto é bom, sabe
amenta?)
XI
na língua que ressuscitas há muito de ironia, muito
de cliché docemente
calýptico. nasceu-te uma luz
notha que me proíbe de
saber
o teu nome. exponho-o
como ignorância: são trenos, senhor
são trenos. isso, e o de officiis. diz-me,
é verdade que o amor
é o menor dos nossos obstáculos? acontece
que todas as primaveras, nos rascunhos das iluminuras.
palimpsestamos a forma que perdemos,
mas os gregos tinham chímicos que incandeavam a rocha.
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