do tanto que obras há coisas que escapam
(o mais na verdade) metidas nos nervos, por entre
as soqueiras, nos seres que se esganam, que cravam,
que pilham, e tu, que o sabes, não galgas o dia, e luz-te
uma cor destroçada, quebrada, ou clara
pra não poderes ver: à sombra da qual noite fora
tu cavas e traças e plantas na terra
e não hás-de comer. mas sabes pra quem?
pra quem é que colhes, pra quem é que tremes,
quem há-de roer? vermelha é a terra, vermelho
é o som, que moldas que fundes, mas sim, sem saber,
se espalha e desliza, raiz ou um fungo que raia
e desmaias ao veres onde vai e saberes que não chega
onde hás-de parar. então não desistes? não furas
a mão, não largas quem espreme a terra que afunda,
o pão que de tanto correr e de tanto comer e de tanto
quebrar fica duro, e já se não deixa sagrar?
Já passei pela fase da poesia subentendida, com um português quase coloquial
ResponderEliminarAgora já não me identifico com ela
Mas sei reconhecer lhe qualidade
E esta é muito boa