I had no time to hate, because
The grave would hinder me,
And life was not so ample I
Could finish enmity.
Nor had I time to love, but since
Some industry must be,
The little toil of love, I thought,
Was large enough for me.
Hoje calhou-me receber no email este belo poema de Emily Dickinson. A pobre da moça que a certa altura da sua juventude se fechou num quarto, donde não mais saiu e onde viveu o resto da sua vida. Durante a qual não publicou mais que meia dúzia das centenas de poemas que foi guardando no baú estilo Pessoa. Mas mesmo após a acidentalmente descobrirem depois da sua morte acharam por bem comporem-lhe os poemas, pois, coitada, não sabia usar pontuação, gramática, e assim por diante. Assim, uma poesia que haveria de ser louvada por, entre outros, Gertrude Stein etc, pela sua hyperperspectividade e pela espécie de "cubismo poético", foi brutalmente corrigida por alguns dos seus editores que, não tenho dúvidas, julgavam que estavam a fazer-lhe o melhor serviço. Essas edições alteradas tornaram-se o padrão por décadas a fio, até finalmente, já na segunda metade do século XX (em 1960), ter surgido a edição completa dos seus poemas na versão "original", quase 100 anos após a morte de Dickinson (1886). Descubram as diferenças.
I had no time to Hate —
Because
The Grave would hinder Me —
And Life was not so
Ample I
Could finish — Enmity —
Nor had I time to Love —
But since
Some Industry must be —
The little Toil of Love —
I thought
Be large enough for Me —